San Francisco: Fortune Cookie Company
Fui conhecer em abril/2011 a Chinatown de San Francisco, considerada uma das maiores do mundo. Acabei parando numa Fábrica de Biscoitos da Sorte, indicada nos roteiros turísticos como um programa imperdível. A origem dos famosos biscoitos da sorte, para quem não sabe, é controversa. A lenda afirma que há 800 anos, o grande guerreiro mongol Genghis Khan expandiu as fronteiras do seu império por toda Ásia, ocupando boa parte da China. O domínio durou mais de um século até que o povo chinês começou a lutar pela liberdade. Anos de batalha foram travadas e, percebendo que a reconquista do território estava próxima, os chineses elaboraram a estratégia da vitória e a forma encontrada para transmitir aos exércitos espalhados foi através do "bolo da lua", doce cujo sabor era detestado pelos mongóis. Assim, colocaram os planos nos bolos e enviaram aos generais nos campos de batalha, conseguindo a reconquista do território, dando início à dinastia Ming (aquela da porcelana). A partir daí, o povo passou a comemorar o feito com a troca de mensagens de felicitação dentro desses bolinhos da vitória.
A história real não é tão bonita assim. Na verdade, os biscoitos da sorte não foram inventados na China e sim na ensolarada Califórnia. San Francisco e Los Angeles travaram, nas primeiras décadas do século XX, uma guerra pela autoria do doce. O grupo de defesa de San Francisco, alegou que os biscoitos surgiram em 1909 por iniciativa do imigrante japonês Makoto Hagiwata, proprietário de uma casa de chá, enquanto que o grupo angelino defendeu que a criação foi idealizada por David Jung, dono de uma fábrica de macarrão chinês. A polêmica foi resolvida em 1983, quando a Corte de Revisão Histórica de San Francisco decidiu que o mérito da invenção pertencia aos franciscanos. A decisão, apesar de ser puramente simbólica, rende conversa até hoje.
Com as informações prestadas, vamos à realidade da "fábrica". Na verdade, a instalação de San Francisco é um muquifo em plena Chinatown. Uma birosca escondida numa rua com cara de perigosa. A limpeza é totalmente questionável e o estado das máquina comprova a precariedade na fabricação. A engenhoca funciona da seguinte forma: um tubo joga numa forma circular e aquecida a massa líquida, que numa espécie de esteira é prensada por outra forma igual, fazendo uma panqueca mais sólida. Isso é retirado manualmente pelo funcionário da fábrica (só tinha maluco lá dentro, tive que pagar US$1,00 para tirar foto e filmar) e depois colocado num prego junto com a mensagem para fazer o formato tão famoso.
Depois disso, os biscoitos são separados e jogados em baldes, a depender do padrão de qualidade (risos!!!), para serem ensacados. No balcão principal era possível provar biscoitos defeituosos gratuitamente. Confesso que tive receio em provar, mas a curiosidade falou mais alto. O pior é que estava uma delícia. Vai ver que é esse o segredo do negócio...
Não consegui anexar o vídeo que gravei (era muito pesado), mas quem tiver interesse pode acessar este link e conferir o processo descrito acima. Até mais!
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